quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Seis em cada dez universitários querem abrir o próprio negócio

Concluir o ensino superior e conseguir um bom emprego já não é o principal objetivo da maior parte dos universitários brasileiros. A ambição de seis em cada dez estudantes é ter o próprio negócio. É o que revela a pesquisa Empreendedorismo em Universidades Brasileiras, realizada pela Endeavor - organização sem fins lucrativos especializada em identificar e viabilizar potenciais empreendedores. Em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Endeavor realiza, até a próxima quarta-feira, a Rodada de Educação Empreendedora, evento que tem como objetivo promover melhores práticas de empreendedorismo nas salas de aula.
 
O levantamento ouviu 6.215 pessoas de todas as regiões do país e indica que os homens tendem a ser mais empreendedores do que as mulheres: 67,5% manifestaram este desejo contra 51,7% do sexo oposto. Um longo caminho, porém, separa a vontade de ter um negócio próprio da ação concreta em busca desse objetivo. Entre os potenciais empreendedores, apenas 38,1% afirmaram que dedicam algum tempo estudando como iniciar um novo projeto e somente 24,4% economizam dinheiro para esse fim.
 
Um das conclusões da pesquisa é que os brasileiros são `extremamente confiantes` em relação às suas capacidades pessoais, mas se sentem inseguros sobre os conhecimentos técnicos necessários para abrir uma empresa e tampouco se esforçam o suficiente para buscar informações. `Existe uma diferença muito significativa entre as intenções e ações empreendedoras. Sobra vontade, mas falta ação`, afirma Amisha Miller, gerente de pesquisa e políticas públicas da Endeavor. Segundo ela, o jovem precisa ter consciência de que abrir uma empresa não é algo simples ou rápido. `É preciso acreditar em si próprio, claro, mas se preparar para empreender é essencial para ter um negócio sustentável no longo prazo`, diz.
 
Os universitários que já são empreendedores representam 8,8% dos entrevistados, sendo que a maioria esmagadora possui empresas com até 10 funcionários. A pesquisa reforça o conceito de que empreendedorismo vem de casa: 62,8% dos jovens que empreendem afirmaram que os pais também têm negócios próprios.
 
Universidades – O empreendedorismo está em evidência nas instituições de ensino superior: 76,1% das universidades analisadas oferecem alguma disciplina de empreendedorismo nos cursos que oferecem - porcentagem bem maior que a média mundial, que é de 24,8%. Ainda assim, isso não se reflete na situação dos universitários entrevistados, visto que apenas 39,7% afirmaram que já cursaram uma disciplina ligada a empreendedorismo.
 
Uma das possíveis razões para essa discrepância, segundo a pesquisa, é que, embora a educação empreendedora tenha ganhado destaque nos últimos anos, grande parte das instituições oferece cursos superficiais, como Introdução ao Empreendedorismo (69,9%) e Criação de novos negócios (63,0%). Cursos mais específicos, como Finanças para Pequenos Negócios e Inovação e Tecnologia fazem parte do currículo de um porcentual bem menor de universidades: 26,1% e 39,1%, respectivamente. Para a Endeavor, além de expandir a oferta, é preciso diversificá-la. `As universidades devem, em primeiro lugar, oferecer cursos para todos os seus alunos. Depois, incentivá-los a participar de instituições estudantis, propiciar estágios em empresas recém-criadas e visitas a startups. Essas ações aumentam a vontade e confiança de empreender`, diz Amisha.
 
 
Fonte:  Lecticia Maggi - Revista Veja - 08/10/2012 - São Paulo, SP
 

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