quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Tecnologias na Educação: entre inovação e panaceia

Desde que o computador se tornou pessoal e a rede mundial, muito se fala sobre uma revolução iminente na educação – educação entendida como sistema escolar. O fato é que já estamos há duas décadas neste processo e o sistema de ensino pouco se afetou. Mas este baixo impacto da revolução tecnológica no ensino escolar não passou incólume – a cada dia, mais e mais se fala do fracasso do sistema, do descrédito da profissão de ensinar, da indisciplina dos estudantes. Os dois fenômenos – a revolução tecnológica e o fracasso do sistema escolar – estão ligados: a nova geração tem uma forma de pensar, agir, se comunicar e relacionar que não encontra ressonância no modelo escolar.
 
As crianças e os jovens encontram nas novas tecnologias os recursos necessários para o processo de aprendizagem. Não se trata de conteúdos, mas sim de estímulo à curiosidade, de diversão, de oportunidades para que se percebam autores, de diálogos múltiplos, de desafios constantes, de aventura. É assim que saem da passividade da sala de aula para o engajamento nas redes sociais.
 
O potencial das tecnologias para a inovação na educação está no reconhecimento desta inversão radical no papel do estudante, de objeto para sujeito da aprendizagem.  Quando a tecnologia entra no sistema de ensino sem isso, torna-se panaceia, remédio para a cura de todos os males, uma forma de dourar a pílula amarga da escola: o ambiente onde predomina a hostilidade entre estudantes e professores, os conteúdos descontextualizados, o ensino burocratizado, o desânimo generalizado.
 
A tecnologia na educação é panaceia quando, ao invés de apostar na revolução empreendida pela hipermídia, com sua estrutura reticular, transversal, que favorece a exploração e a curiosidade, reproduz no mundo digital a forma enciclopédica, com sua coletânea de verbetes e fascículos que se empilham e acumulam mantendo a estrutura linear das notas, séries, disciplinas e aulas.
 
A tecnologia na educação é panaceia quando, ao invés de promover a autoria do estudante no processo de aprendizagem, reproduz na forma digital a estrutura das aulas centradas no saber dos professores. Ver uma aula filmada pode ajudar o aluno a reter conteúdos, superando a relação hostil que marca a sala de aula real e dando-lhe a oportunidade de pausar e voltar, mas está longe de promover efetivo aprendizado.
 
A tecnologia na educação é panaceia quando, ao invés de envolver os jovens em desafios reais como a colaboração coletiva em larga escala para uma nova descoberta ou para a disseminação de uma nova atitude, reproduz a artificialidade da sala de aula em games onde os riscos e as decisões a serem tomadas são todos controlados e limitados.
 
A tecnologia é inovadora na educação quando potencializa o autoaprendizado e as formas colaborativas de produção de conhecimento. A tecnologia é pílula dourada quando usada como ferramenta para reter conteúdos definidos externamente, ou para reproduzir no ambiente virtual um simulacro do real, assim como se faz em sala de aula. Nesta medida, quando reduzida a vídeos de aulas ou games de determinados conteúdos, a tecnologia aplica-se perfeitamente adoçar os amargos exames baseados em testes de múltipla escolha, por exemplo, tornando menos desagradável a tarefa de estudar conteúdos que não interessam às crianças e aos jovens. Mas, a tecnologia será inovadora quando for usada para avaliação da aprendizagem significativa em outras bases, que favoreçam a criatividade, o pensamento e a atitude críticos.
 
Em resumo, a tecnologia é inovadora na educação quando promove a transformação nas dimensões de tempo, espaço e relacionamento humano no ambiente educativo. Se as tecnologias da informação são usadas dentro das quatro paredes da sala de aula, nos horários fracionados das aulas, na abordagem especializada das disciplinas, sob autoridade do professor e voltadas para avaliações lineares e episódicas, então elas não aportam inovação e sim, reforço da mesma estrutura desgastada e distante das novas gerações.
 
O potencial revolucionário da tecnologia está dado. Hoje são milhões de pessoas conectadas no mundo todo, inclusive no Brasil, e novos aplicativos estão possibilitando cada vez mais o desenvolvimento da criação colaborativa, sob demanda, online, digital, móvel e inteligente.
 
As decisões a serem tomadas na educação devem considerar este fato e suas decorrências: as desigualdades em termos de autoria e difusão de ideias entre os que programam e os que não programam; a questão da validação dos conteúdos – se é um corpo editorial ou a comunidade de usuários, o que implica a necessidade de criação de uma massa crítica para fontes difusas; o uso da tecnologia para a promoção em escala da educação de qualidade. Estas são as questões decorrentes dos aspectos realmente inovadores das tecnologias na educação.



Fonte:  http://portal.aprendiz.uol.com.br/2012/10/08/tecnologias-na-educacao-entre-inovacao-e-panaceia/

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Número de universitários brasileiros cresce quase 6%


O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse que a fase mais aguda da expansão já ficou para trás: o foco, de acordo com ele, é aumentar a qualidade do ensino. "Nossa prioridade hoje é consolidar a expansão que foi feita no Reuni. E só vamos partir para o 3º Reuni depois de consolidar essa expansão e dar qualidade ao que nós fizemos. Há câmpus universitários que têm deficiências", disse ele, durante a divulgação do censo.

Do total de alunos de graduação, 73,7% estão em instituições particulares. As entidades federais correspondem a 15,3% do total de estudantes matriculados, as estaduais, a 9,1%, e as municipais, a 1,7%. Quando se leva em conta apenas os estudantes que ingressaram no ensino superior em 2011, o índice é diferente: 79% se matricularam em instituições privadas, 13,1% em federais e 6,2% em estaduais.
No ano passado, o número total de concluintes em todo o ensino superior ultrapassou pela primeira vez a marca de 1 milhão de pessoas. Nesse universo, os oriundos de entidades federais são 10,9%. Os alunos de universidades estaduais somam 8,6%.

Ao todo, 14,7% dos alunos de graduação estão matriculados em cursos à distância. Mercadante disse que o governo freou a aceleração desse ramo de ensino. "O Brasil pode e deve aumentar o ensino à distância. Mas nós estamos regulando esse setor com mais exigência", disse o ministro.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Seis em cada dez universitários querem abrir o próprio negócio

Concluir o ensino superior e conseguir um bom emprego já não é o principal objetivo da maior parte dos universitários brasileiros. A ambição de seis em cada dez estudantes é ter o próprio negócio. É o que revela a pesquisa Empreendedorismo em Universidades Brasileiras, realizada pela Endeavor - organização sem fins lucrativos especializada em identificar e viabilizar potenciais empreendedores. Em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Endeavor realiza, até a próxima quarta-feira, a Rodada de Educação Empreendedora, evento que tem como objetivo promover melhores práticas de empreendedorismo nas salas de aula.
 
O levantamento ouviu 6.215 pessoas de todas as regiões do país e indica que os homens tendem a ser mais empreendedores do que as mulheres: 67,5% manifestaram este desejo contra 51,7% do sexo oposto. Um longo caminho, porém, separa a vontade de ter um negócio próprio da ação concreta em busca desse objetivo. Entre os potenciais empreendedores, apenas 38,1% afirmaram que dedicam algum tempo estudando como iniciar um novo projeto e somente 24,4% economizam dinheiro para esse fim.
 
Um das conclusões da pesquisa é que os brasileiros são `extremamente confiantes` em relação às suas capacidades pessoais, mas se sentem inseguros sobre os conhecimentos técnicos necessários para abrir uma empresa e tampouco se esforçam o suficiente para buscar informações. `Existe uma diferença muito significativa entre as intenções e ações empreendedoras. Sobra vontade, mas falta ação`, afirma Amisha Miller, gerente de pesquisa e políticas públicas da Endeavor. Segundo ela, o jovem precisa ter consciência de que abrir uma empresa não é algo simples ou rápido. `É preciso acreditar em si próprio, claro, mas se preparar para empreender é essencial para ter um negócio sustentável no longo prazo`, diz.
 
Os universitários que já são empreendedores representam 8,8% dos entrevistados, sendo que a maioria esmagadora possui empresas com até 10 funcionários. A pesquisa reforça o conceito de que empreendedorismo vem de casa: 62,8% dos jovens que empreendem afirmaram que os pais também têm negócios próprios.
 
Universidades – O empreendedorismo está em evidência nas instituições de ensino superior: 76,1% das universidades analisadas oferecem alguma disciplina de empreendedorismo nos cursos que oferecem - porcentagem bem maior que a média mundial, que é de 24,8%. Ainda assim, isso não se reflete na situação dos universitários entrevistados, visto que apenas 39,7% afirmaram que já cursaram uma disciplina ligada a empreendedorismo.
 
Uma das possíveis razões para essa discrepância, segundo a pesquisa, é que, embora a educação empreendedora tenha ganhado destaque nos últimos anos, grande parte das instituições oferece cursos superficiais, como Introdução ao Empreendedorismo (69,9%) e Criação de novos negócios (63,0%). Cursos mais específicos, como Finanças para Pequenos Negócios e Inovação e Tecnologia fazem parte do currículo de um porcentual bem menor de universidades: 26,1% e 39,1%, respectivamente. Para a Endeavor, além de expandir a oferta, é preciso diversificá-la. `As universidades devem, em primeiro lugar, oferecer cursos para todos os seus alunos. Depois, incentivá-los a participar de instituições estudantis, propiciar estágios em empresas recém-criadas e visitas a startups. Essas ações aumentam a vontade e confiança de empreender`, diz Amisha.
 
 
Fonte:  Lecticia Maggi - Revista Veja - 08/10/2012 - São Paulo, SP
 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Pesquisa mostra como os adolescentes usam internet no Brasil


Com intuito de mapear como as crianças e adolescentes estão utilizando a internet no Brasil, o CGI (Comitê Gestor da Internet no Brasil) realizou uma pesquisa com jovens e pais de todas as regiões do Brasil. Os resultados da pesquisa TIC Kids Online Brasil foram divulgados na manhã desta terça-feira (2) pelo órgão.
A pesquisa mostrou que 70% dos jovens entre 9 e 16 anos têm perfis em redes sociais e 68% usam a internet para navegar em redes sociais. Entre as crianças de 9 a 10 anos, este valor abrange 44% do total. Já entre pré-adolescentes de 11 e 12 anos, o percentual de usuários de redes sociais chega a 71%.
De acordo com o levantamento, a maioria das crianças também afirma mentir a idade nas redes sociais. Um dos motivos para isso pode ser a proibição do Facebook (rede social mais popular do Brasil) para menores de 13 anos.

Pesquisa mostra que jovens estão “hiperconectados”

A pesquisa mostra que os jovens estão se conectando cada vez mais cedo. Um terço dos entrevistados afirmam ter tido o primeiro contato com a internet aos 9 ou 10 anos. A maioria (36%) acessa a internet por meio de computadores, mas o número de crianças que acessa internet via celular chega aos 21%.
Em relação à frequência de acesso, 85% afirmam entrar na web pelo menos uma vez por semana. Já 47% das crianças acessam a internet todos os dias. Entre os pais, o índice de acesso cai. Cerca de 53% dos responsáveis entrevistados afirmam não usar internet.
Tanto contato com o mundo digital faz 75% das crianças entrevistadas acreditarem que sabem mais de internet do que os pais. Esse dado mostra que os adolescentes estão muito mais conectados que os adultos, mas também pode apontar alguns perigos no uso da internet.

Pais se mostram preocupados com o que os filhos fazem na internet

O TIC Kids Online Brasil também apontou que o uso da internet por jovens deixa os responsáveis preocupados. Do total de pesquisados, 10% afirma que não têm controle algum do que os filhos fazem online. Apenas 38% dos entrevistados afirmaram ter noção de todas as ações que os filhos realizam na web.
A maior preocupação dos pais em relação ao uso aos filhos na internet é que eles sejam vítimas de um crime. Mais de 50% dos entrevistados ainda têm preocupação com o uso de drogas, contato com desconhecidos e que o desempenho na escola seja prejudicado pela exposição na internet.
Como principal medida de segurança, os pais afirmam olhar o histórico da internet dos filhos. Detalhe: 50% dos usuários de 9 a 16 anos afirmam saber apagar os sites visitados. O relatório completo da pesquisa pode ser acessado no site oficial da pesquisa.


Por Edgar Matsuki, do Portal EBC.