sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Lya Luft: Querendo que o Brasil dê certo

Querer que dê certo, a gente sempre quer: a nova turma na escola, o novo amigo, o vestibular, o primeiro emprego, o casamento, o filho, a decisão inescapável, o necessário e o fútil, a segurança e a aventura.
 
Os planos do novo ano. Os desejos bons e também os menos nobres, de que alguém se ferre, que para ele dê errado – porque não somos santos. A construção da vida, tanta coisa. As pessoas queridas. O livro, o carro, o amor ou até a separação. A sobrevivência depois da morte de alguém especial.

Que dê certo também o que nem é pessoal mas a todos atinge: o país, a democracia, a qualidade de vida, a dignidade de todos, a redução da desigualdade, o nível do ensino, da saúde, os cuidados com a seca, com a enchente, com os deslizamentos, com os horrores da saúde pública, com o excesso de faculdades pelo país, a insensatez das cotas que promovem a discriminação e o preconceito, e marcam como incompetentes os que se beneficiam delas.

Que às vezes nem têm outro jeito, pois nivelamos por baixo: facilitamos as coisas em lugar de dar aos que precisam melhores condições, condições ótimas: isso seria o sensato. Mas somos insensatos; então, torcemos para que, apesar de tudo, dê certo.

Agora nos oferecem mais planos, projetos, pacotes, para que, finalmente, o país deslanche do seu marasmo, que pacotes anteriores não sacudiram direito. Eu quero muito que deem certo esses novos projetos. Estradas e ferrovias, para começar, pois o nosso transporte é mais um inqualificável fator do nosso inqualificável atraso. Portos e aeroportos.

Espero que se incluam também saúde, ensino, segurança, que andamos cada vez mais violentos e todas as notícias negativas, que são muitas, saem mundo afora preparando os espíritos para 2016. Que sejam projetos inteligentes e possíveis; que tenham à frente gente supercompetente, embora competência seja mercadoria rara por aqui.

Há gente demais improvisando, viramos o país do improviso, do puxadinho, do jeitinho, do palpite? Os muito competentes podem nem querer certos cargos e encargos. Sobretudo se ligados à política: aí tudo se complica, os jogos de poder, os postos dados por interesse, não pelo preparo e capacidade, tanta trama que nem conhecemos direito, mas de que sabemos o suficiente para ficar de cabelos em pé.
 

Ou melhor é não saber, assim a gente se salvaria? Seja como for, eu, que me afasto da política o mais que posso – para preservar alguma qualidade de vida, de objetividade e de harmonia comigo e com o mundo –, eu, que não pertenço a nenhum partido porque são demasiados e confusos, porque brotam feito cogumelos e são mutantes como camaleões nervosos, eu mesmo assim me interesso extraordinariamente por este país.

A ele dei filhos e netos, seres humanos decentes e bons, desses que como tantos outros são o sal da terra e para isso não precisam ter poder nem altos cargos: basta que existam e sejam como são. A este país Brasil dei e darei trabalhos e décadas de vida. Dele muito recebi também, nele quero sempre viver, e morrer. Nele estou por escolha consciente todos os dias de minha vida. Então, quero muito que os novos projetos deem certo, com tudo o que contiverem de bom (o medíocre que neles exista faz parte de sermos humanos).

Resta saber o que é “dar certo”. Um plano com bons projetos é um comecinho. Predominarem boas intenções será dar um pouquinho certo (tudo em diminutivos por enquanto). Ficar em mãos experientes e competentes, sem amadorismo, será dar bastante certo. Passar da utopia para entrar na realidade, com seriedade, seria ou será dar supercerto.

Se tudo sair medianinho, já vai ser um avanço. Chegar a termo será quase um milagre: a gente não vê muito disso por aqui. Não acredito cegamente, pelo que temos experimentado de grandes palavras, grandes planos – e grande esquecimento.

Mas eu quero, eu torço, eu apoio, eu espero, eu observo… e, quando puder, eu comento. Que eu possa comentar só coisas boas, coisas positivas e concretas, e dizer: “Finalmente está dando certo, viva a gente brasileira”.


Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/lya-luft-querendo-que-o-brasil-de-certo/

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O que mais te dói em educação?

Quem gosta de Twitter não deve se espantar se vir por aí a hashtag #edpain, algo como “#oquemaismedóiemeducação”, que desde a semana passada anda circulando no microblog e também no Facebook. Incentivados pela Digital Harbor Foundation, uma organização sem fins lucrativos que busca promover a cultura da inovação por meio de iniciativas educacionais, pessoas dos mais diversos perfis começaram a compartilhar aquilo que mais as incomodavam quando o assunto era educação.

Apareceu de tudo: professor falando dos desafios de usar a tecnologia em sala de aula, coordenadores pedagógicos apontando problemas em processos avaliativos, pais lamentando o custo da educação, blogueiros questionando o tempo gasto com aulas que são piores experiências de aprendizado que o Google. A ideia de compartilhar essas dores, no entanto, não é fazer um muro virtual de lamentações, dizem os organizadores do movimento, mas começar a montar uma parede virtual de construção coletiva com problemas a resolver e grupos de pessoas com o mesmo interesse para discutir soluções.

“Quando você cria uma nova tecnologia ou uma inovação, o que pode ser simplesmente um jeito novo de fazer alguma coisa, você sempre começa com uma descrição clara do que é aquilo que mais está incomodando”, disse Andrew Coy, diretor executivo da Digital Harbor Foundation ao Technicaly Baltimore. Depois de identificar os “pontos de dor”, o próximo passo, diz Coy, é verificar quais desses pontos são preocupações individuais e quais são de mais gente, para reunir um grupo de pessoas que irão trabalhar na solução do problema.

A história dessa parede virtual começou numa parede, física mesmo, na sede da fundação. Um grupo de educadores que passava por uma qualificação no local começou a preencher uma parede com papeis e suas frustrações. Mas a parede foi ficando pequena e virou uma hashtag. Agora, já é um site Edpain que reúne os tuítes e as manifestações feitas diretamente pela plataforma. Quem tem uma dor em educação é convidado a se identificar, dizer sua profissão e seu CEP e colocar ali, de preferência em até 140 caracteres, o que é a sua dor.

De acordo com o Technicaly Baltimore, em uma semana, mais de 115 pontos de dores na educação foram documentados no site. Ao fazer o usuário inserir seu código postal e algumas características pessoais, a intenção é fazer do site um lugar em que pessoas com problemas e dores parecidas se reunam para discutir soluções. Confira a seguir, algumas dores compartilhadas.

“Muito comumente, a tecnologia é um band-aid para mascarar as deficiências de nossas escolas. Taxa de evasão? Notas baixas? Aqui está uma lousa digital! Não é o produto tecnológico que vai salvar os alunos, é o professor. Precisamos melhorar nosso desenvolvimento profissional para que estejamos preparados para promover a mudança.”

Chirstian, professor de Baltimore

“Se alguma coisa é googlável, por que nós gastamos um tempo precioso ensinando essa coisa?”

Peter Pappas, blogueiro de educação de Portland

“Eu queria que fôssemos capazes de ensinar os alunos mais “habilidades da vida”, como finanças básicas, boa memória, informações sobre seguro saúde e do carro”

Kate McCallun, de Los Angeles, mãe

E você, o que mais te dói em educação? Que tal tentar em até 140 caracteres?

*Fazem parte do Redação na Rua os sites Catraca Livre, Guia de Empregos, Portal Aprendiz, Porvire VilaMundo.
 
 
Fonte: Portal Aprendiz - 27/08/2012 - São Paulo, SP

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Portal Releituras é referência na web para fãs de literatura

O Projeto Releituras é uma plataforma que reúne obras, bibliografias e dados biográficos de escritores de diferentes períodos e movimentos literários, tudo num mesmo site. O foco principal está nos autores brasileiros consagrados, mas ao explorar o conteúdo o internauta encontrará tanto autores reconhecidos quanto novos talentos, e de diferentes nacionalidades.


O site serve também como uma fonte confiável de pesquisa para trabalhos acadêmicos, na localização de referências editadas em livro, audiovisual ou das adaptações teatrais da obra do autor.


Episódios relevantes da vida dos escritores estão dispostos em textos sucintos, organizados cronologicamente. No menu do autor é possível consultar ainda amostras de sua obra.


Além de grandes nomes, como Clarice Lispector, Guimarães Rosa e Carlos Drummond, o site possui uma seção dedicada a “novos escritores”, com a participação inclusive de autores inéditos em livro.


A seção “Vestibular” reúne informações sobre as principais listas de leitura obrigatória para os exames, além de linkar às páginas das respectivas universidades. Outra contribuição está no fácil acesso às bibliotecas de conteúdo digital aberto, caso da Brasiliana da USP, ou da Biblioteca Virtual de Literatura.


O site conta ainda com importantes diferenciais, como uma seção dedicada a ilustradores, e uma outra, em parceria com o Porta Curtas, reunindo filmes adaptados de obras literárias ou roterizados por autores destacados.


Fonte: http://portal.aprendiz.uol.com.br/2012/08/14/portal-releituras-e-referencia-na-web-para-fas-de-literatura/

terça-feira, 14 de agosto de 2012

37% das cidades não atingem metas do Ideb 2011

O Ministério da Educação divulgou nesta terça-feira os novos números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb, com os resultados de 2011. Em que pese a euforia do ministro Aloizio Mercadante, apressado em vender o estudo como prova de que todos os estados bateram as metas estabelecidas, os números mostram que a educação no Brasil continua lamentável, especialmente a pública. Pelos dados, as notas de mais de 37% das cidades brasileiras nos anos finais do Ensino Fundamental ficaram abaixo da meta estipulada pelo Ministério da Educação para 2011. Não seria tão mau se não fosse, a tal meta por si só, pífia: em média, o MEC esperava que as redes públicas, ao final da 8ª série, fossem capazes de atingir nota 3,7. Mesmo assim, muitas não conseguiram.
Em oito estados – Amapá, Alagoas, Maranhã, Sergipe, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima e Tocantins - menos de 50% dos municípios atingiram essa nota. No Rio de Janeiro, único estado da região Sudeste nesse grupo, apenas 41,3% das cidades atingiram a meta. Em Roraima, um recorde macabro: nenhum dos 17 municípios foi capaz de chegar aos 3,7. A nota do estado como um todo, 3,6, foi inferior à nota que havia sido registrada pelo Ideb em 2009 – quadro que se repetiu no Amapá, em Alagoas e no Mato Grosso do Sul. Mesmo na região Sul do país, apenas 60% das cidades atingiram a meta. O Ideb é medido a partir da combinação do resultado indivual obtido pelos estudantes na Prova Brasil – que avalia o desempenho em língua portuguesa e matemática - com a taxa de aprovação das escolas. Este índice mostra a eficiência do fluxo escolar.
Para Priscila Cruz, diretora do Instituto Todos Pela Educação, os números ruins para essa etapa do ensino não surpreendem. São frutos da falta de projeto educacional. “A segunda parte do ensino fundamental é metade gerida pela rede municipal e metade, pela estadual”, explica. “Ou seja, o Ministério da Educação (MEC) não tem projeto para essa etapa, parece terra de ninguém.”
Segundo ela, diversas razões explicam o baixo desempenho dos estudantes nessa fase. Entre elas estão o aumento do número de professores que ministram as disciplinas em sala de aula - grande parte deles, é bom que se registre, sem a especialização adequada -, e a fragmentação curricular. “Os últimos anos do ensino fundamental já refletem a grande crise que se observa no ensino médio”, critica Priscila. “Mas ninguém parece disposto a encarar este fato.”
Do total de municípios do país, 73,5% tiveram notas até 4,4 - que são ruins. Na ponta oposta, a da excelência, apenas 1,5% das cidades conseguiram notas superiores a 5,5. Destas, 53 ficam no Sudeste, 20 no Sul e, apenas uma no Nordeste, o heróico município de Vila Nova do Piauí, no estado homônimo do Piauí. Alagoas consegiu outro recorde negativo: todas as cidades do estado ficaram com notas abaixo de 3,4.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

Rubem Alves

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Onde está o meu emprego?

Roberto Shinyashik

Os empregos estão mudando de característica. A mão-de-obra foi substituída pelo computador, a força, pela criatividade, e o medo começa a ser trocado pela motivação. O trabalho em equipe minou o individualismo, ou pelo menos está quase chegando lá. O setor de serviços tem crescido exponencialmente, e novas competências são exigidas pelas empresas. Resumindo: os empregos não estão onde sempre estiveram, e o mais dramático é que a maioria das pessoas disponíveis no mercado está desatualizada, vive correndo atrás de empregos que não existem mais.

A tecnologia que chegou para facilitar nossa vida criou uma nova "encrenca" em nossa carreira. As planilhas de custos substituíram muitas pessoas nas empresas de contabilidade, o sintetizador eletrônico substituiu muitos músicos nas gravações. Lembra aquela orquestra com dezenas de músicos? Hoje, só há um tecladista com um computador. Os caixas eletrônicos, por exemplo, estão demitindo muitos bancários. Essa é uma realidade à qual não há retorno. Precisamos nos acostumar a essas mudanças e não ficar lamentando o "leite derramado".

Quando falo em  evolução tecnológica, não falo de algo necessariamente sofisticado, uma simples rede de pesca pode mudar a vida de uma vila de pescadores. Imagine a seguinte cena: uma vila onde os pescadores usam vara de pescar e  conseguem, em média, 2 kg de peixe por dia. Cada um come 1 kg e vende o outro quilo por R$ 5. No fim do mês, cada um fatura algo como R$ 100, o  que é mais do que suficiente para a sobrevivência da família. Tudo em  perfeita harmonia.

Até que um dia, Renato, um dos pescadores, aparece com uma rede e consegue pescar 100 kg de peixe por dia. Ele come 1 kg e vende o restante por R$ 1 o quilo. Fatura R$ 99 por dia, uma pequena fortuna naquela vila.

Resultado: o  equilíbrio em que a comunidade vivia foi para o espaço. Agora, os compradores não estão mais dispostos a adquirir o peixe dos outros       pescadores por R$ 5. Adianta reclamar? Não, a rede do Renato matou os       empregos dos pescadores que usavam vara de pescar, e outros trabalhos       surgiram, então: vendedores de peixe em outras cidades, peixarias       especializadas, franquias, restaurantes. Uma simples rede bagunçou a vida   de muita gente. A mesma coisa acontece nas empresas.

Há muitas redes de pescar aparecendo todos os dias nos escritórios, nas fábricas, nas  multinacionais. Uma revolução tecnológica, por mais simples que seja, traz sempre novas perspectivas e diferentes empregos.

Mais importante do que reclamar é fazer a si mesmo a pergunta: "O meu emprego ainda existe?". Ele só vai ter boa expectativa de vida se você souber se reciclar e estiver aberto às novidades. Não há outra saída: é assumir o controle da sua carreira e investir pesado na sua evolução profissional. Quem estaciona morre em águas turbulentas. Cresça dia-a-dia, espelhe-se em profissionais bem-sucedidos e desafie-se.

Fique de olho em alguns detalhes fundamentais:

1. Procure conhecer o mundo fora da sua empresa! Seus concorrentes vão lhe motivar a avançar.
2. Estude! Estude sempre.
3. Aprenda com as derrotas e comemore as suas vitórias.
4. Abra sua cabeça! Valorize teatro, cinema, música, literatura, a inspiração vem de sua riqueza interior e de experiências de vida.
5. Seja feliz, realize os seus sonhos, dê atenção à sua família, aos seus amigos, tenha atividades lúdicas e, principalmente, dê um tempo para você.