quinta-feira, 28 de abril de 2011

Fuvest: entender tema da redação é ponto de partida para fazer um texto "nota dez"

A adequação ao tema pedido na proposta de redação é essencial para que o estudante pleiteie um lugar entre as melhores redações da Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular da USP). Segundo os professores ouvidos pelo UOL Vestibular, essa é condição primordial para que a banca corretora não descarte de cara o texto.

"Invariavelmente, nas melhores redações, o estudante revela uma preocupação em se adequar ao tema, não foge dele em hipótese alguma, e obedece à estrutura dissertativa, se ela é cobrada. Sem essas instruções, a redação nem continua a ser lida", explica a professora Maria Aparecida Custódio, do Curso e Colégio Objetivo, de São Paulo.
"Um mundo por imagens" foi o tema da redação do vestibular 2010 da Fuvest. A proposta abordava a construção de imagens sobre pessoas, fatos, livros, instituições e situações. Entre essas cinco possibilidades, o candidato deveria escolher apenas uma para ser tema do texto que iria redigir Mais Thanassis Stavrakis/AP
Para compreender o que é pedido pelo vestibular, a professora dá uma dica: ler primeiro a proposta - que nem sempre vem em primeiro lugar - e depois ler os trechos de textos apresentados. "Depois de ler o tema, ele [o estudante] vai tentar aproveitar [nos textos] o que ele julgar mais conveniente para a redação. Essa leitura faz toda a diferença: muitos se desviam do que é pedido pois leem por cima, e acabam não entendendo o que é necessário fazer", completa.
Além de não fugir do tema, a capacidade de se expressar com clareza a respeito da proposta é outro ponto em comum dos melhores textos. Como exemplo, o coordenador do Banco de Redações do UOL Educação, Antônio Carlos Olivieri, cita uma redação em que o vestibulando cria um termo que não existe no dicionário - "amorfabilidade": "a redatora/redator criou essa palavra com um viés meio em cima do anglicismo vigente na língua. Apesar do termo não existir nem no inglês nem no português, ficou claro o que ela quis dizer, isso é o que importa, mesmo que ela tenha fugido de critérios mais rígidos da gramática", explicou.


Linguagem
Segundo a professora Maria Aparecida, a linguagem utilizada pelo estudante é o grande diferencial entre as redações. "Aquele que tem uma linguagem rica, diversificada, consegue valorizar o conteúdo, já que todo mundo vai escrever sobre o mesmo tema".
Uma linguagem rica, porém, não quer dizer usar palavras difíceis, mas evitar repetições e linguagem informal. "Quem usa linguagem rebuscada só para impressionar perde pontos", explicou a docente. A diversificação de leituras - indo de quadrinhos até clássicos, "best-selers", jornais, crônicas, contos e blogs, por exemplo - ajudam a compor essa linguagem cobrada nas redações de vestibular.
Aulas e filmes também contribuem para enriquecer o repertório linguístico e cultural do estudante. O conhecimento adquirido não deve ser "compartimentado", explica a professora. "Tudo isso ajuda a construir uma bagagem com diversas referências e o vestibulando pode pôr isso a serviço da redação", diz Maria Aparecida.
Melhores redações
A Fuvest divulgou nesta terça-feira (26) as 56 melhores redações do processo seletivo de 2011. A proposta do ano passado foi "O altruísmo e o pensamento a longo prazo ainda têm lugar no mundo contemporâneo?", e trazia quatro trechos de textos, sendo um da revista Veja, um da internet, um do sociólogo Zygmunt Bauman e um do filósofo Gilles Lipovetsky.
 
Fonte: http://vestibular.uol.com.br/ultimas-noticias/2011/04/27/fuvest-entender-tema-da-redacao-e-ponto-de-partida-para-fazer-um-texto-nota-dez.jhtm

terça-feira, 26 de abril de 2011

As dez profissões do futuro

A partir nas análises do mercado de trabalho, o governo americano periodicamente publica as profissões mais promissoras do futuro --ou seja, aquelas que vão demandar cada vez mais profissionais. Em primeiro lugar, está o profissional que souber misturar saúde com engenharia. O detalhamento da lista está no www.catracalivre.com.br.


A tendência é baseada na ideia de que a mistura entre saúde e engenharia vai demandar cada vez mais profissionais para, entre muitas outras coisas, desenhar inovadoras próteses, remédios que usam chips para combater infecções e tumores, sistemas ainda mais sofisticados de imagens, testes para avaliar propensões genéticas.

Se você olhar o topo do ranking vai ver que a saúde está disparada na frente nas áreas de mais futuro, afinal o envelhecimento da população aumenta a demanda. No ranking mais recente das dez mais promissoras ficaram as atividades que misturam engenharia, computação, biologia, matemática, química e saúde.

Daí também se entende por que o ensino superior nos Estados Unidos, está focado em produzir cursos interdisciplinares. Esse foi eleito o grande foco das melhores universidades americanas para não correrem o risco de obsoletismo.

Nessa área, o Brasil tem uma razão de orgulho: o mais premiado cientista nos Estados Unidos que mistura engenharia com medicina é o neurocientista Miguel Nicolelis, formado na USP.
 
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gilbertodimenstein/904600-as-dez-profissoes-do-futuro.shtml

quarta-feira, 20 de abril de 2011

"A educação é o grande movimento abolicionista contemporâneo"

O jornalista Gilberto Dimenstein é uma referência em jornalismo e educação. Em seus espaços na mídia (boletim diário na rádio CBN e coluna semanal no jornal Folha de S.Paulo), sempre foca o melhor da cidade de São Paulo, culturalmente falando. Na área social, sua ONG Aprendiz é reconhecida em todo o Brasil. Outro projeto de sucesso é o site Catraca Livre
POR ALEXANDRE DE MAIO
FOTOS: RAFAEL CUSATO


Você já declarou que a abolição foi incompleta e a luta pela educação é o mais urgente abolicionismo. O Brasil evoluiu nessa área?
Uma das falhas do processo abolicionista, dentre várias, é que não se pensou numa educação para todos, em educação pública na época. Tinha uma educação para ricos, uma parte complementar feita em Portugal. Outras nações da América Latina, como a Argentina, o Uruguai e o Chile, já tinham uma visão de educação. Os Estados Unidos tinham universidade há muito tempo. Não se tinha uma ideia de inclusão. Se esse conceito é novo hoje, imagine naquele tempo. A gente chega ao século 21 com um problema de educação sério. Você vê isso pelo número de meninos e meninas que não sabem escrever direito, nem entender um texto, que não conseguem ter conhecimentos básicos em matemática e ciência. E isso forma um circulo vicioso. Não tem boa educação, não vai ter um bom emprego, não vai conseguir dar uma boa educação para os filhos e não consegue pressionar mais pela educação. É daí que eu acho que a educação é o grande movimento abolicionista contemporâneo. É ela que garante a autonomia das pessoas, não existe forma mais grave de escravidão que a da ignorância. E quanto mais vulnerável é o grupo - e os negros têm uma vulnerabilidade histórica - mais essa questão se torna vital.


Por que a educação no Brasil só fica no discurso e pouco se avança?
Tem uma série de questões. Não fazia parte da elite a educação pública, que se virava nas escolas privadas. Na universidade, quem ia era a elite, que fazia sem pagar. Eu nunca vi isso! Rico vai à universidade sem pagar, quando poderia virar mais bolsa de estudo. Então não era preocupação, os ricos colocavam os filhos em escolas privadas, em universidades públicas ou então iam estudar fora. Simultaneamente, as lideranças dos trabalhadores, que deveriam ser as mais interessadas, não tocavam nesse assunto. Quantos líderes sindicais falam em qualidade de ensino? É mais fácil ver um líder empresarial falando. Aqui é um país corporativo, então, cada um cuida do seu pedaço. E os governos não colocaram como uma bandeira. O Brasil ficou muito tempo defendendo o crescimento econômico, ou outros grupos falavam de um socialismo para gerar igualdade, riquezas. A educação não foi um tópico que agarrou as elites intelectuais. Isso é uma coisa recente no país, faz uns 15 anos que se começou a ter essa visão. E para completar, quando você vê a preocupação das camadas mais pobres, a educação está em último lugar. Mesmo quando a coisa melhorou um pouco, acham que pelo menos temos merenda, um uniforme e o garoto não está na rua. Você criou um círculo vicioso. A população não demanda, os políticos não se mexem, por isso que eu digo que é um movimento complexo de abolicionismo, porque exige um trabalho tão profundo para que você consiga atrair os talentos para a escola pública.


O que você acha da progressão continuada, adotada em São Paulo?
Existe uma visão de que a educação tem que ser dura, que, se o garoto não aprende, tem que repetir o ano. Mas na essência está culpando a vítima. Não estou dizendo que não tem que repetir o ano, é mais complexo que isso. Os professores faltam em sala de aula, não são preparados, os laboratórios não funcionam, as bibliotecas são defasadas, boa parte dos alunos têm problemas básicos de saúde, muitos vêm de lares violentos, tem problemas psicossociais graves e a culpa é do aluno quando ele vai mal? Se um em cem vai mal, tudo bem, mas quando 30 ou 40% vão mal, não pode ser culpa do aluno. Ao mesmo tempo, há poucas avaliações periódicas e pouca opção de complementação escolar para quem vai mal. O que acontece em um lugar civilizado é avaliação periódica do aluno, você vai consertando as dificuldades que ele tem ao longo do período e tem muitas possibilidades de inclusão para o aluno prosperar. Vá a alguma escola rica e faça com que o garoto não tenha direito de ir ao dentista durante um ano, fique com cárie, ou que ele não troque os óculos, não trate o ouvido... Acha que ele vai ser um bom aluno? A escola não é para punir as pessoas, é para que elas se encantem pelo processo de aprendizagem. A educação é isso. Para a pessoa levar para o resto da vida. Se repete, o que acontece com o garoto? Ele vai para a rua e desenvolve uma baixa autoestima. Aí ele não aprende mesmo. A progressão continuada desse jeito não deve servir de modelo para o Brasil. O que deve acontecer é progressão continuada com recuperação continuada e um atendimento ao aluno na parte cultural e de saúde.



"O GRANDE PAPEL DA EDUCAÇÃO É GERAR SERES AUTÔNOMOS. NÃO É GERAR INDIVÍDUOS QUE SAIBAM MATEMÁTICA, QUÍMICA E FÍSICA. É GERAR PESSOAS CAPAZES DE SABER O QUE ELAS QUEREM FAZER DE SUA VIDA"



Causa angústia ver as lentas mudanças que acontecem com a educação no Brasil?
Causa, porque é um absurdo. O que me angustia mais é ver que quem deveria pressionar mais - que são os mais pobres e as lideranças sindicais - pressiona menos. Estamos no século 21 e a pessoa nem se quer sabe ler e escrever direito. Grande parte disso tem consequências gravíssimas, porque as pessoas podiam ter melhores empregos. Pessoas como o Tiririca são eleitas com a maior facilidade, pessoas absolutamente corruptas e desqualificadas são eleitas. O debate eleitoral é muito também baseado em imagens e marketing. O que me alegra é que tenho visto o tema educação na agenda, tenho vistos várias pessoas da elite se dedicar ao assunto.

Qual a importância da leitura nos tempos da internet?
Você não consegue ser, viver sem leitura. É com a leitura que você enxerga as opções da sua cidade. Ninguém é livre se só puder tomar sorvete de morango. se só conhecer pagode, rap ou música erudita. Liberdade é você poder optar entre muitas coisas que dizem respeito à sua vida. O grande papel da educação é gerar seres autônomos. Não é gerar indivíduos que saibam matemática, química e física. É gerar pessoas capazes de saber o que elas querem fazer de sua vida. A leitura hoje não é só livro. Antigamente você não tinha os livros, tinha poucas bibliotecas pelo planeta, o Shakespeare deve ter lido oito livros na sua vida, e não é por isso que não é o Shakespeare. Na verdade, quando a gente fala em leitura, é como você absorve os conhecimentos que estão aí, que vai ter que usar no seu dia a dia para montar um projeto de vida. Acredito que não adianta querer ler tudo. Nesse mundo da hiper informação o processo educativo é aquele que te ensina a ver o que é relevante para sua vida.

Você é a favor das cotas para negros na faculdade?
Se você quer que o negro progrida na sociedade, lhe dê melhor escola pública. O quilombo contemporâneo é a escola pública, para o bem e para o mal. Onde você pode ter a grande reação negra de autonomia de liberdade? É na escola pública! Em relação às cotas, esse é um assunto hipercomplexo. Eu tendo a ser favorável às cotas, mas para pessoas que venham de escolas públicas, em primeiro lugar. E, dentro da escola pública, tem que ter um tipo de diferenciação para o negro. Não adianta o negro receber uma cota, e se ele for de família de classe média alta? Ele tem mais direito que um garoto branco que vem de escola pública? Acho que não! Por outro lado, as cotas têm que ser um compromisso com o desempenho. Ganha uma cota, mas ele está estudando, indo bem na escola? Que tipo de avaliação se faz disso? Só a cota e a pessoa não estudar direito, não se comprometer, acho um paternalismo.

Você está indo para Harvard, nos Estados Unidos, um país com um presidente e outros tantos negros de destaque.
Harvard criou há três anos uma incubadora de projetos sociais, que envolve algumas faculdades, é feito pela Escola de Negócios que envolve a Escola de Administração, Educação, Direito e Saúde Pública. Você leva uma ideia e eles tratam da fazer a universidade desenvolvê-la. A ideia que vou levar é a de criar um mecanismo de gestão das cidades pela internet, usando como base o Catraca Livre (catracalivre.com.br) que o esforço de tornar a cidade um espaço acessível. Informando tudo que tem de graça e a preço popular. Cada vez mais está evoluindo pra área de outros serviços e simultaneamente agregando a isso os conceitos de Bairro Escola. É o uso da tecnologia da informação para favorecer e facilitar a relação com a cidade para que ela se torne um lugar que você possa conviver e aprender mais.


Porque existem tantos negros em destaque nos Estados Unidos?
Apesar de eles reclamarem bastante, há negros na Suprema Corte, muito mais negros na imprensa, muito mais negros como executivos. Dentro da visão americana, por mais que as pessoas possam criticar, tinha uma noção que a democracia tem que dar igualdade de oportunidades. As pessoas podem ser desiguais, mas elas têm que ter oportunidade iguais. E, quando se pensou a educação americana, já tinha entre seus fundadores a ideia de escola pública, tem vários documentos sobre a importância da educação. Um pouco do que se vê hoje, de ter tantos negros em posição de destaque, vem dessa visão. E por isso é mais difícil de imaginar um presidente negro no Brasil, porque temos menos negros na elite, apesar de ter tido uma evolução muito grande. Eu acho que uma das razões que estão por trás disso é que a educação não é uma grande prioridade. Cada vez mais é uma prioridade, mas não como é para os americanos. Nos Estados Unidos existem grandes discussões voltadas à educação pública, sempre teve a educação como ponto central para promover o negro, a ideia da educação pública como a questão central da agenda da igualdade.


Fonte: http://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/153/artigo213108-2.asp

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Estágio: você quer entrar no mercado de trabalho por esta porta?

Prezados estudantes

O objetivo deste texto é uma orientação sobre estágios.


A preocupação em encontrar estágios é comum a grande maioria dos estudantes de cursos técnicos e superiores, não apenas pela exigência para a conclusão dos referidos cursos, mas também pela oportunidade de aprendizado e crescimento profissional, pela remuneração e pela qualificação do curriculum vitae. A instituição, em sua tarefa de contribuir para o aprimoramento dos alunos, oferece estágios e também informa os estudantes quando há a possibilidade de realização de estágios em empresas e instituições públicas, como prefeituras, por exemplo. Além disso, coordenadores, funcionários e professores buscam esclarecer as turmas sobre essa prática tão importante.

Sem dúvida alguma, receber uma remuneração para fazer o estágio é a situação ideal que os estudantes procuram. Entretanto, um dos caminhos para se alcançar os benefícios que um estágio oferece, pode ser o estágio voluntário. Durante minha graduação, realizei estágios voluntários em instituições públicas de pesquisa. O primeiro, no Instituto de Botânica de São Paulo (Ibot) e o segundo, no Instituto Florestal de São Paulo (IF). Ambos contribuíram muito para a minha formação, pois proporcionaram o acompanhamento de diversas atividades desenvolvidas pelas instituições, como projetos de pesquisa. Desde as fases iniciais de planejamento, passando pelos trabalhos de campo, para coleta de dados e atividades mais técnicas desenvolvidas nos laboratórios, até as fases finais, nas quais eram elaborados mapas, publicações, relatórios e reuniões para apresentação dos resultados.

Ao se candidatar para um estágio voluntário, em empresas privadas, instituições públicas de governo ou pesquisa, em ONG’s ou em outros órgãos, o estudante demonstra iniciativa e interesse no aprendizado. Em muitas ocasiões, um estágio voluntário evolui para um estágio remunerado, quando surge um projeto com verba destinada aos estagiários ou ocorre uma parceria com uma instituição de financiamento.

Diversas Unidades de Conservação e ONG’s na área de Gestão Ambiental, em São Paulo, e em todo o Brasil, abrem vagas para estágios voluntários temporários. O candidato precisa preencher formulários, demonstrar interesse, fazer entrevistas, ser comunicativo e atencioso com o público e concorrer com muitos outros estudantes. Passará por um processo seletivo competitivo e deverá estar disponível para se ausentar de casa por muitos dias (até três meses, nas férias de fim de ano, inclusive em finais de semana), ficar em alojamentos e trabalhar em áreas de florestas nativas, por exemplo. Isso ocorre em estágios nos Projetos TAMAR, Baleia Jubarte, Albatroz, Peixe-boi marinho, bem como em Parques e outras Unidades de Conservação de todo o Brasil.

Contudo, além do aprendizado único, esses estágios possibilitam experiências profissionais e pessoais que contribuirão para que o estudante se torne um profissional diferenciado no futuro.

Grande abraço.


Prof. Gerson de Freitas Junior

Prof. Gerson de Freitas Junior possui bacharelado e licenciatura plena em Geografia pela Universidade de São Paulo.Desenvolve estudos nas áreas de Biogeografia e Conservação do Meio Ambiente, História do Pensamento Geográfico e Técnicas de Campo e Laboratório em Geografia. Atualmente é mestrando do Programa de Geografia Física do Departamento de Geografia da FFLCH/USP e Professor da Faculdade de Roseira - FARO.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Novas graduações sob medida para o mercado

Após a febre dos cursos tecnológicos, surgem os bacharelados não convencionais em áreas como biodiversidade e energia
11 de abril de 2011
0h 00
Ocimara Balmant, Especial para o Estado - O Estado de S.Paulo

Tradicionais nos catálogos das universidades, os cursos de Direito e de Administração têm ganhado, ano a ano, companheiros bem inusitados. Primeiro vieram os cursos de graduação tecnológica, com um cardápio que incluía de Quiropraxia a Irrigação. Nos últimos anos, começam a figurar os bacharelados não convencionais. A Universidade Federal da Bahia (UFBA), por exemplo, oferece o bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidades. Na Universidade Estadual de Minas Gerais (UEM), o vestibulando pode optar pelo curso de Ciência e Tecnologia de Laticínios.

JB Neto/AEInovação. João Marcos Druzian Filho, que cursa Engenharia de Energias RenováveisOs bacharelados buscam atender a novas demandas do mercado - principalmente em áreas como biodiversidade e energias renováveis - com currículos que obedecem à peculiaridades regionais, como é o caso do curso de Agroecologia da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), que teve a primeira aula no mês passado em Belém.

"Na Região Norte, o engenheiro chega para fazer o inventário florestal e a população pergunta como faz para resolver o problema de um animal", diz João Ricardo Vasconcellos Gama, diretor do Instituto de Biodiversidade e Florestas. "Por isso, criamos um curso que mescla temas como agronomia e zootecnia. O profissional sai especializado em agricultura familiar."

Para garantir a empregabilidade dos egressos, o projeto pedagógico foi submetido à consulta pública, da qual participaram ONGs, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), fazendeiros e industriais.

Energia renovável. No outro extremo do País, de olho nos parques eólicos que estão sendo construídos nas redondezas, a Universidade Federal do Pampa (Unipampa) criou o curso de Engenharia de Energias Renováveis e Ambiente, no câmpus de Bagé (RS). "Tivemos uma explosão dessa área aqui na região, criamos o curso e agora já há outras universidades pedindo para usar o nosso currículo e até o nosso nome", diz a coordenadora do curso, Cristine Schwanke.

O objetivo é que o engenheiro saia com competência para atuar da geração à gestão da energia. "Hoje, as empresas contratam empresas onde cada um faz um pouco. O nosso profissional vai desempenhar o trabalho sozinho."

Motivado por esse mercado sustentável, João Marcos Druzian, de 21anos, decidiu estudar Engenharia Mecânica: Energias Renováveis e Tecnologia Não Poluente. É aluno da primeira turma do curso na Universidade Anhembi Morumbi, de São Paulo. Começou no ano passado, impulsionado pelo Erbanol, o carro projetado pelo Núcleo de Estudos em Produção mais Limpa que roda 140 km com um litro de etanol. "As empresas estão investindo em novas tecnologias. Optei por um mercado promissor."

Faltam interessados. Na hora de lançar um novo curso, no entanto, não basta avaliar o mercado e desenhar um bom currículo. É preciso encontrar quem esteja disposto a se embrenhar na nova área, principalmente quando ela foge totalmente do convencional. Apesar de gratuito, o bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidades da UFBA, oferecido há três anos, ainda não consegue preencher as 50 vagas oferecidas anualmente.

"Estamos pagando um preço pelo pioneirismo. As pessoas ainda acham que gênero é uma coisa muito específica", afirma Márcia Macedo, coordenadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher.

O currículo do bacharelado inclui temas como feminismo, etnia, relações de poder e orientação sexual. A sala de aula reúne, entre outros, advogados, assistentes sociais, sindicalistas e militantes do movimentos negro. "A diversidade não está só no nome do curso. Precisamos ocupar nosso espaço", diz Márcia.

Em São Paulo, a Universidade Cruzeiro do Sul não conseguiu alunos suficientes para viabilizar o bacharelado em Bioinformática, oferecido no vestibular do início do ano e com a descrição ainda no ar no site da instituição. "Queremos acompanhar as tendências do mercado, mas os alunos brasileiros ainda preferem uma carreira mais tradicional", afirma Luiz Henrique Amaral, pró-reitor de graduação.

Para aumentar o número de interessados no processo seletivo do meio do ano, a estratégia da instituição é dar prioridade à divulgação em anúncios e propagandas. "Acreditamos no curso. Só precisamos explicar melhor, porque pouco se sabe sobre o assunto. É uma profissão do futuro", completa Amaral.

Foco. Apesar de as universidades terem autonomia para oferecer novos cursos, em alguns casos falta bom senso, pondera o consultor Carlos Monteiro, da CM consultoria em Educação.

O principal erro, segundo ele, está na modalidade de graduação. "Equivocadamente, ainda somos o País dos bacharéis. Sempre fazemos o curso ficar maior do que precisa sem pensar que, em muitos dos casos, o melhor seria oferecer a graduação tecnológica, mais curta e focada."

A escolha errada traz consequências sérias: o bacharelado pode não sobreviver a mais de uma turma ou registrar altos índice de evasão.

PRESTE ATENÇÃO

1. Escolha. Antes de se matricular em um curso novo, informe-se sobre o mercado de trabalho.

2. Análise. Veja se currículo e formação dos docentes são coerentes com o curso.

3. Parcerias. Ganha pontos a instituição que tiver convênios estabelecidos.

4. Coerência. Confira se não é um curso tradicional travestido de outro nome.

Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110411/not_imp704551,0.php

terça-feira, 12 de abril de 2011

No Brasil, 3,4 milhões de jovens entre 18 e 24 anos não trabalham nem estudam

Rafael Targino

Em São Paulo


Um estudo do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) mostra que 3,4 milhões de jovens brasileiros entre 18 e 24 não estudam e tampouco trabalham. Isso é mais do que toda a população do Estado do Rio Grande do Norte, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).


Esse contingente representa 14,6% do total de 23,2 milhões de jovens da época referência da pesquisa –baseada na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2008. O estudo foi publicado no começo deste ano no boletim “Na Medida”, disponível no site do Inep.


O percentual de jovens “desocupados”, que não estudam e não trabalham, vem se mantendo constante desde 2001 –sempre em torno dos 15%. No entanto, o número dos que não trabalham, mas estudam, vem caindo aos poucos: saiu de 12,6% em 2001 e chegou a 10,5% em 2008.





No mesmo período, houve aumento na fatia dos jovens que terminaram o ensino médio, mas não se interessaram pelo ensino superior. No ano-recorte da pesquisa, esse número significa cerca de 1,2 milhão de pessoas. A maioria delas, mulheres: 43,5% das jovens eram casadas e, dentro desse percentual, 68,4% tinham pelo menos um filho.

Segundo o Inep, parte da “inatividade” dessas mulheres significa que essa ausência pode ser temporária, já que boa parte dos filhos são pequenos. Entre os homens, o cenário é inverso: quase todos (95%) são solteiros e, desse total, 66% moram com os pais.


Para Wanda Engel, superintendente do Instituto Unibanco, um dos problemas é que o ensino médio não se torna interessante para os alunos –e não os estimula a continuar nos estudos.

“Numa sociedade agrícola, bastava quatro anos de escolaridade para as novas gerações. Numa sociedade industrial, oito anos. Na moderna sociedade do conhecimento, ou você tem 11 anos ou não tem chance nenhuma”, diz. “Um bom ensino médio garante o passaporte mínimo no mercado de trabalho ou continuidade nos estudos.”


Fonte: http://educacao.uol.com.br/ultnot/2011/04/06/no-brasil-34-milhoes-de-jovens-entre-18-e-24-anos-nao-trabalham-nem-estudam.jhtm