O Ministério da Educação divulgou nesta terça-feira os novos números do
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb, com os resultados
de 2011. Em que pese a euforia do ministro Aloizio Mercadante,
apressado em vender o estudo como prova de que todos os estados bateram
as metas estabelecidas, os números mostram que a educação no Brasil
continua lamentável, especialmente a pública. Pelos dados, as notas de
mais de 37% das cidades brasileiras nos anos finais do Ensino
Fundamental ficaram abaixo da meta estipulada pelo Ministério da
Educação para 2011. Não seria tão mau se não fosse, a tal meta por si
só, pífia: em média, o MEC esperava que as redes públicas, ao final da
8ª série, fossem capazes de atingir nota 3,7. Mesmo assim, muitas não
conseguiram.
Em oito estados – Amapá, Alagoas, Maranhã, Sergipe, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Norte, Roraima e Tocantins - menos de 50% dos municípios
atingiram essa nota. No Rio de Janeiro, único estado da região Sudeste
nesse grupo, apenas 41,3% das cidades atingiram a meta. Em Roraima, um
recorde macabro: nenhum dos 17 municípios foi capaz de chegar aos 3,7. A
nota do estado como um todo, 3,6, foi inferior à nota que havia sido
registrada pelo Ideb em 2009 – quadro que se repetiu no Amapá, em
Alagoas e no Mato Grosso do Sul. Mesmo na região Sul do país, apenas 60%
das cidades atingiram a meta. O Ideb é medido a partir da combinação do
resultado indivual obtido pelos estudantes na Prova Brasil – que avalia
o desempenho em língua portuguesa e matemática - com a taxa de
aprovação das escolas. Este índice mostra a eficiência do fluxo
escolar.
Para Priscila Cruz, diretora do Instituto Todos Pela Educação, os
números ruins para essa etapa do ensino não surpreendem. São frutos da
falta de projeto educacional. “A segunda parte do ensino fundamental é
metade gerida pela rede municipal e metade, pela estadual”, explica. “Ou
seja, o Ministério da Educação (MEC) não tem projeto para essa etapa,
parece terra de ninguém.”
Segundo ela, diversas razões explicam o baixo desempenho dos estudantes
nessa fase. Entre elas estão o aumento do número de professores que
ministram as disciplinas em sala de aula - grande parte deles, é bom que
se registre, sem a especialização adequada -, e a fragmentação
curricular. “Os últimos anos do ensino fundamental já refletem a grande
crise que se observa no ensino médio”, critica Priscila. “Mas ninguém
parece disposto a encarar este fato.”
Do total de municípios do país, 73,5% tiveram notas até 4,4 - que são
ruins. Na ponta oposta, a da excelência, apenas 1,5% das cidades
conseguiram notas superiores a 5,5. Destas, 53 ficam no Sudeste, 20 no
Sul e, apenas uma no Nordeste, o heróico município de Vila Nova do
Piauí, no estado homônimo do Piauí. Alagoas consegiu outro recorde
negativo: todas as cidades do estado ficaram com notas abaixo de 3,4.
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